terça-feira, outubro 02, 2012

O (des) Acordo e eu.

Porque algum dia tinha que ser, foi ontem. Lá peguei no meu cepticismo, no inconformismo também, os dois regadinhos com o mau humor matinal, e preparei-me para a guerra.

Primeira nota: toma lá que já almoçaste, a formadora era de se lhe tirar o chapéu! Aceitando que isto é confuso para a maioria e que muitas das alterações não têm, de facto, lógica, pôs-se do "nosso lado", assumiu-se como mais um de nós, portugueses, a quem esta medida está a ser imposta, não fincando a sua opinião sobre os motivos que levaram a este acordo mas também não a camuflando. No fundo, disse sem dizer: "estudei isto a fundo, nomeadamente com um dos seus autores, estou aqui para vos passar o que aprendi, concorde ou não, e para vos ajudar, no que puder, a entender. E sim, há aspectos que eu também não entendo e outros cuja justificação não me convence...". Pontos para ela que, desde logo, transformou uma formação com grande potencial para ser entendiante e até enervante para os mais resistentes, numa conversa agradável entre pessoas com as mesmas dificuldades e reservas, durante a qual se discutiu muito mais do que o acordo propriamente dito.

Segunda nota: entendo a justificação que se prende com a necessidade de uniformização. Não concordo, não considero necessária mas compreendo o que me querem dizer. Não entendo por isso que haja palavras que antes do acordo era escritas da mesma forma por falantes de português de todo o mundo e que agora, para os falantes de Portugal somente, sejam alteradas. Portanto... pretende uniformizar  "desuniformizando"??? É uma coisa esperta, não há dúvida.

Terceira nota: Todas as regras têm excepções. E diz que são elas que confirmam as primeiras. Eu não sei mas... não deveria haver um número limite para as ditas? Se a regra for uma e houver 23754257 excepções continua-se a considerar que confirmam alguma coisa para além de que afinal a regra é estúpida e não devia existir?? Não sei, digo eu...

Quarta nota: Então não é que há várias alterações cuja justificação é uma coisa linda de morrer que se chama "uso consagrado da língua"?? Assim de repente isto dá-me .... MEDO! Porque, convenhamos, se formos a uma rua que tenha cinco restaurantes e formos consultar cada uma das ementas, verificamos que as cinco terão escrito "bacalhau à Brás" com acento agudo em vez de grave na preposição. Aposto a minha vida se for preciso! Ora... se o "uso consagrado da língua" diz respeito ao uso mais corrente, aquele que é feito pela maioria... e se este pode ser justificação para se passar a escrever de determinada maneira.... MEDO, MUITO MEDO MESMO!

Quinta nota: Conclusão da anterior com mais uns pozinhos: em alguns casos, o AO valida o erro. Portanto, poder-se-á tornar, sem querer, num aliado poderoso de quem se costuma reger pela máxima "percebeste, não percebeste?? 'Atão está certo!" Niiiice...

Sexta nota: A formação, para além de nos esclarecer um pouco mais sobre esta temática, conseguiu a proeza de ensinar português. É que, vai-se a ver, e muitos dos presentes mostraram-se espantados com alterações a palavras... que não se alteraram!! Portanto... nem quero imaginar como as escreviam antes..!

Por último: Apercebi-me que eu, que não dou erros desde a primária, vou passar a ser considerada como alguém que só dá calinadas, a partir de 1 de Janeiro de 2015...

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