Atravessando baixios, porque às vezes tem que ser, que trazem com eles frustração, pura frustação. O medo assume proporções ridículas, antigas, de cortar a respiração. Porquê? Mas porquê? Levantam-se pedras, é certo, e de lá desenterra-se sempre qualquer coisa mas... nada de novo, nada a que já não esteja habituada, nada que não faça parte do meu dia a dia de há muitos meses para cá... porquê, então?
O banco lá me espera e eu deito a cabeça sob as árvores. Sinto-me bem ali, a brisa a passar, a necessidade de parar para elaborar. Escrevo. O meu fiel caderninho de capa roxa sempre a postos. Descrevo com pormenor sensações e pensamentos, raivas e esperanças, lembranças e considerações, mais ou menos factuais, os medos gigantes, os gigantes de todas as cores. Porque, mais do que aqui, o papel absorve o que digo na ponta da caneta e deixa que se imprimam o vento e o sol do momento, o pó que circula, a energia que os meus dedos lhe levam, o meu cunho nas palavras. Os "i"s que, quando estou nervosa, se resumem ao pontinho, os "m"s e "n"s que apenas serpenteiam com a pressa de não perder o fio à meada e conseguir acompanhar a velocidade que me assola.
O banco lá me espera e eu deito a cabeça sob as árvores. Sinto-me bem ali, a brisa a passar, a necessidade de parar para elaborar. Escrevo. O meu fiel caderninho de capa roxa sempre a postos. Descrevo com pormenor sensações e pensamentos, raivas e esperanças, lembranças e considerações, mais ou menos factuais, os medos gigantes, os gigantes de todas as cores. Porque, mais do que aqui, o papel absorve o que digo na ponta da caneta e deixa que se imprimam o vento e o sol do momento, o pó que circula, a energia que os meus dedos lhe levam, o meu cunho nas palavras. Os "i"s que, quando estou nervosa, se resumem ao pontinho, os "m"s e "n"s que apenas serpenteiam com a pressa de não perder o fio à meada e conseguir acompanhar a velocidade que me assola.
De repente, beijos chegam leves e soltos, sem porquê e com a promessa de haver mais lá de onde vêm. O sorriso tímido que me arranca do estado fervoroso da escrita, o sorriso que gostaria que fosse largo e resplandescente, que me inundasse o corpo todo, tornando-se marca da casa. Agora o caderno fecha-se, com as palavras a palpitar lá dentro, palavras que despejo para não as carregar comigo, palavras que digo a mim, palavras que talvez nunca diga a mais ninguém até porque só eu tenho o código que as decifra, só eu sei realmente o que elas querem dizer. E, seja como for, o que interessam? Não são pertinentes a não ser para a cabeça que as pensa ou para o caderninho que as guarda.
E reconheço como somos todos tão diferentes, com toda a nossa complexidade. Como não é legítimo esperar dos outros o que pensariamos ou fariamos em determinada situação porque há sempre a diferença a ter em conta... "não é errado... é diferente", "não podes medir tudo pela tua bitola porque cada um tem a sua"... Então meço por onde? Então como avalio? Então... não posso esperar nada... tenho que entender a diferença, aceitá-la, conviver com ela e apertar-lhe a mão. E deixar de me incomodar com isso.
E hoje, falámos e falámos e falámos. E eu ouço-me, alto e a bom som, objectiva, certeira, coerente, ponderada... ouço a minha voz, sinto em mim a empatia de quem já por lá passou, os conselhos que partilho convictamente... ouço-me... mas não me ouço assim tão bem.
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