A propósito da loucura, pontual ou nem por isso, pergunto-me quem é mais louco... quem acredita, apesar de o mundo abanar a cabeça num redondo "não", ou quem faz por não acreditar, não importando de onde sopra o vento? Quem é mais louco, quem deixa que as decisões se anseiem antes mesmo da concretização ou quem as segue sem conversar bem com elas, sem se dar ao trabalho de perceber bem a sua natureza? Quem é mais louco, aquele que vira as costas ou aquele que está disposto a dobrá-las? Quem "paga para ver" ou quem não é capaz de olhar nos olhos?
A propósito da minha loucura, volto a estar encolhida no chão da banheira, com água quente a escorrer pelas costas. Estou aqui mas estou lá, a balançar o corpo para trás e para a frente sem dar conta, a repetir incessantemente as mesmas palavras, aquelas palavras, a julgar-me louca, a sentir-me louca mas a ignorar a sensatez e a deixar-me levar pela cadência do movimento e do som que eu própria emito. Estou aqui mas o meu coração e a minha mente estão lá, encolhidos e imersos em água quente.
Quem é mais louco? Quem não dá peso à vida e ao tempo que passa ou quem dá peso demais? Quem pede para o céu ou quem nem se dá conta que ele existe? Quem sente cada solavanco ou quem plana por aí? Quem se esquece dos sentidos ou quem os exacerba? Quem espera que os pensamentos voem com direcção certa ou quem os abafa logo à partida?
Quem se encolhe numa banheira a balançar...?
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