Tenho saudades de dizer "amo-te". Tenho saudades de dizer "amo-te" e de que as letras saiam gordas e orgulhosas da minha boca, carregadas e a rebentar de sentimento enquanto se encaminham na direcção certa, a única que faz sentido. Tenho saudades de dizer "amo-te" e de nessa altura nada mais interessar a não ser o amor que a expressão carrega, de ser ele o único foco, de tudo o resto ser secundário. Tenho saudades de dizer "amo-te" porque ao decidir fazê-lo decido também derrubar as minhas barreiras em nome de algo muito maior. Tenho saudades de dizer "amo-te" e de estar a viver os momentos certos para o dizer porque não é qualquer momento, nunca foi, porque não se atira assim amor em forma de palavras em qualquer espaço ou em qualquer tempo. Tenho saudades de dizer "amo-te" e da certeza que sei que tenho quando o digo. Tenho saudades de dizer "amo-te" e de assumir a responsabilidade que fazê-lo carrega porque um "amo-te" leva em si a força desmesurada da alma - só assim se justifica que alguém o diga - e é a alma que se entrega ao dizê-lo e entregar a alma pode ter um efeito avassalador, desconcertante, mágico ao ponto de até mudar a vida de alguém. Quanto mais não seja a nossa. E mudar uma vida é coisa de muita responsabilidade. Tenho saudades de dizer "amo-te" e de me sentir envolta no brilho dos olhos de quem o recebe e de que este seja a maior desculpa para que as mesmas letras não sejam devolvidas porque deixa simplesmente de ser necessário. Tenho saudades de dizer "amo-te" por não ser possível dizer qualquer outra coisa, por qualquer outra coisa se tornar perfeitamente despropositada. Tenho saudades de dizer "amo-te" e sentir "amo-te" e saber que aquele momento será sempre o momento em que o senti e disse e o facto de ele ter existido faz com que nada mais volte a ser como antes.
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