quinta-feira, janeiro 29, 2009

Poligráfico

"Não se preocupe. Isto é aparatoso mas não custa nada."
E com esta frase começou a aventura. Uma hora a colar fios à cabeça, às pernas, ao peito, depois rumar a casa com uma espécie de caixa tipo detonador de bomba pendurada à cintura (com mil fios, daquelas para as quais os bons da fita olham, olham e ainda assim hesitam na altura de cortar o fio vermelho ou azul) e a emitir infra-vermelhos pelo dedo, o do meio. Fino, não? Como se não bastasse os fios emaranhados no cabelo, também a chuva míuda a contribuir para o frizar ainda mais e com isso a fazer-me parecer uma tresloucada qualquer, fugida da ala dos loucos raivosos e que, entretanto, terá sido abduzida e agora é meia maluca, meia máquina.

Chegar a casa, vestir o pijama. Cuidado, muito cuidado para não desligar aquela gaita toda e os gatos a olhar curiosos certamente a pensar, numa primeira fase, que eu não era eu, numa segunda fase, ena! a dona trouxe um parque de diversões agarrado ao corpo! Fixe!

De repente, aquilo apita. Não é suposto, disseram que não é suposto. 10 minutos depois, outro apito. Ok, há alguma coisa de errado com isto, mais vale ligar ao fulano que está no turno da noite e perceber o que se passa. "Pois, sendo assim, é melhor cá vir para vermos se há algum mau contacto. É que se houver, o exame não se realiza." F*****! Agora ter que lá voltar! Mas ok, o que tem que ser tem muita força. De novo, vestir a roupa, de novo a chuva, os fios pendurados, o cabelo que parece ligado à corrente (e não estará?), a caixa. Afinal parece que a coisa dos infravermelhos no dedo (ou dedal com raio lazer capaz de cortar às fatias qualquer inimigo!, como prefiro chamar-lhe) não está bem ajustada. Vamos apertar... eerrr!.. maais....um....bo...ca..dinho! Pronto, já está, boa noite a até amanha.

De regresso, desta vez, de vez. Gatos fechados na sala, caixa na almofada e vamos lá a isto. Dormir que é isso que o aparelho quer..... ok, esta treta apitou outra vez mas vou ignorar. Ok... não consigo dormir porque o dedal, de tão apertado, me está a cortar a circulação e a cravar a unha na carne! E agora...? Tiro, não tiro? Tenho que pelo menos ajustar... Mas e se compromete o exame? Pois... mas eu assim não durmo e o exame serve para avaliar o sono... Logo, exame comprometido anyway! Que se lixe, vou por isto mais à vontade.

O despertador toca, lá vamos nós outra vez... boa notícia, o dedal já pode saltar. O resto tem mesmo que ser tirado em sede própria. Mas tem que ser tudo a correr porque tenho reunião às 9h e ainda tenho que voltar a casa para tomar banho e, disseram, tirar restos de cola do cabelo e mudar de roupa. Mas há-de dar tempo. M****! Trânsito dos infernos! F****! Só lá vou chegar às 8.30h, desligar esta procaria e não desligar...... Ok, respira, não há-de ser nada. Bom dia, bom dia, vinha então tirar isto rapidamente mas olhe que aconteceu isto assim e assado. "Humm... se os resultados não forem conclusivos poderão ter que repetir..." M****! Ok, whatever, depois penso nisso, tire lá esta gaita que já estou atrasada. Corre, corre, banho, roupa, dar um jeito que estou com marcas dos fios pela cara toda, rabo de cavalo porque não há tempo para tirar a cola do cabelo, voando pelo trânsito e chegando à reunião às 9.40h.

Desculpas, muitas desculpas, um exame, atrasei-me. "Eheheh! Com essas marcas na cara? Exame? Cá para mim acordaste há 5 minutos, isso é que foi!!
...

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