quarta-feira, janeiro 26, 2011

As muitas perguntas, a única resposta

De que estás à espera? O que esperas, afinal? Porque pareces esperar, em suspenso, sustendo a respiração até que algum sinal te permita finalmente expirar forte de alívio. Mas o que é? De que esperas quando desligas as luzes? O que esperas que aconteça quando mais um dia começa? Queres que seja o dia de quê? O "dia de todas as conclusões", o "dia em que te esqueces finalmente"? Ou o "dia em que já não te importas mais"? De que esperas? De quê? De que esperas se já aprendeste, da forma mais dura e certeira, que só deves esperar o que podes alcançar com as tuas mãos? Estás à espera de justiça divina, da confirmação universal de que existe uma paga que te é devida pelo facto de o mundo e as pessoas e os momentos te terem sido tão vis? De que os céus se movam para dissipar as tuas nuvens, que o teu brilho volte trazido por um raio lá de cima, de que hoje o vento sopre para fora de ti o que um dia te trouxe, de forma cortante, como só o vento gelado consegue, quando sabes que te foi entregue bem mais do que aquilo que te era devido? Estás à espera de quê? De quê? E pergunto-me se a pergunta não deveria ser também "porquê?" Porquê, se tu és una, sólida na tua presença, dona do génio da lâmpada que pulsa aí dentro? Porquê, se já sabes que é só contigo que deves contar, porque já te foi provado que nada mais faz sentido? Porquê, se todas as lágrimas que verteste foram só tuas, se de todas as vezes que perdeste o chão foi o teu chão e a ele regressaste sozinha, por ti, pelas tuas pernas? Porquê? Porque continuas a só ocupar aquele pequeno espaço, como se tivesses medo de transpor alguma fronteira, como se o que resta daquela superfície plana seja de uma dimensão insuportável, grande demais, espaçosa demais e como se tu, com o teu pequeno corpo ainda encolhido, te perdesses naquela imensidão? Porque não a tomas para ti, dona e senhora como és, e a inundas com o teu calor reclamando esse espaço, trazendo-o de volta ao teu mundo? Porque continuas a cortar o teu mundo em dois, o antes e depois? Porque continuas a viver entre quem eras e quem és? De que estás à espera, afinal? De quê? Não esperes mais, não há nada que vá chegar...

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