Vira e revira na cama, como se tivesse o diabo no corpo. Não obstante, há membros que não acusam o toque do despertador e necessitam de vigorosas altercações com o colchão. Os sonhos ainda pairam e são cansativos na sua insistência. Mas o que há a fazer? Não me consigo esconder de mim própria, acabo sempre por ter que me encarar de frente. Mas já não é novidade e o que é novidade é relativo, tudo muito relativo. Aprende-se, essa é que é a verdade, a relativizar, a deixar andar, a dar leveza aos pensamentos. Aprende-se por uma questão de sobrevivência embora, na maioria dos dias, seja forçado e não 100% eficaz. Mas é o que é, é o que temos. E, tentativas à parte, o seu peso está lá e revela-se quando está tudo às escuras, mesmo eu. É o que é.
Há dias assim, de torpor mental ao qual a dureza do maxilar não é indiferente. Mastigo assim em seco, pressiono em seco e o resultado é apenas mais compressão e nenhuma resolução. Como conseguimos perder tanto tempo com aquilo que não nos leva a lugar nenhum...
Necessidade de ir virando páginas, lá está, necessidade de ler o que está escrito nas próximas linhas "porque se não o fizer, não sai do mesmo lugar". É verdade... e eu que nunca fui de ficar muito tempo no mesmo sítio... "mas já andou muito, nota-se perfeitamente". Ainda bem, significa que afinal pago por alguma coisa. Mas... e agora? "Agora viva!". Mas, não entende que não sei como? Quer dizer, sabia o que era viver na vida passada, nesta ainda não sei. Foi tudo muito rápido, e simultaneamente muito devagar, houve ventos que me atropelaram, outros que me impediram de sair do lugar, houve muitos sonhos, muitos!, muitas compressões de maxilar e não só, e quase à pancada parte da minha massa moldou-se numa outra coisa que eu ainda não sei bem o que é. E eu só consigo ainda reconhecer quem era antes, entende...? Não? Um bocadinho, ok, já não é mau. Mas, sabe, o mais difícil mesmo é conjugar o novo e o velho, quem sou e quem era. Pareço uma manta de retalhos on the making, ainda não percebi qual vai ser a minha forma final. E, no entanto, quero, quero coisas, sentimentos, sei bem quais, quero, quero e volto a querer, quero aquilo que me parece bem só que à luz da outra "encarnação"... faço-me entender? Sim? Ok, boa...
Sim, tem razão, tem toda a razão, quero e não quero ao mesmo tempo... Avanço e fugo, corro e volto para trás, falo alto e remeto-me ao silêncio logo a seguir. Exteriorizo para depois interiorizar, dou-me ao dia para depois ansiar recolher-me ao meu casulo e ficar quieta, sozinha, sem falar nem ouvir, sem nada à volta, metida no meu chão.
É isto, não é? É, pois, claro que é. Parece muita coisa, não é verdade? Mas o resultado é mesmo quase nada...
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