Parêntesis:
(Respira, respira, acalma-te... crises de ansiedade sobre algo que não podes controlar, que está fora de ti não te levam a lado nenhum e mais, não te permitem ajudar da forma como deves. Sim, apetece-te gritar, dar uns valentes murros na mesa, uns quantos puxões de orelhas e dizer umas quantas verdades bem direitinhas ao alvo, como sabes tão bem fazer. Mas... será a melhor estratégia? Não sei. Por isso, e como aprendi que "quando não se sabe o que se há-de fazer, o melhor é não fazer nada", espera, acalma a respiração, pensa, pondera. A altura chegará em que hás-de ter que agir e então, com a situação cara-a-cara, logo vês o que podes e como o deves fazer. Até lá, respira e escreve...)
(Respira, respira, acalma-te... crises de ansiedade sobre algo que não podes controlar, que está fora de ti não te levam a lado nenhum e mais, não te permitem ajudar da forma como deves. Sim, apetece-te gritar, dar uns valentes murros na mesa, uns quantos puxões de orelhas e dizer umas quantas verdades bem direitinhas ao alvo, como sabes tão bem fazer. Mas... será a melhor estratégia? Não sei. Por isso, e como aprendi que "quando não se sabe o que se há-de fazer, o melhor é não fazer nada", espera, acalma a respiração, pensa, pondera. A altura chegará em que hás-de ter que agir e então, com a situação cara-a-cara, logo vês o que podes e como o deves fazer. Até lá, respira e escreve...)
No outro dia falávamos e ela perguntou:
- Mas porque não tentas pensar em coisas boas antes de adormecer?
- Eu até penso... quando as há...!
Desatámos a rir da irritante e desconcertante objectividade da resposta. Mas, apesar de tudo, eu, a autora irritantemente e desconcertantemente objectiva, resolvi tentar o que me foi sugerido.
Deitei a cabeça na almofada, ajeitei-me de forma a estar confortável e preparei-me para o exercício positivo. Dois segundos depois concluo que não escolhi uma boa noite: a cabeça a latejar há horas turva, necessariamente, qualquer positivimismo. Ondas a varrer a cabeça como se originadas pelos impactos consecutivos de uma marreta deitam por terra qualquer esgar de sentimento aprazível que possa surgir ao fundo do túnel. E como já tinha decidido não tomar nenhum medicamento porque senão passava a vida a fazê-lo ("tem que andar sempre com um antiestamínico atrás, é assim, não tem outro remédio, e também convém fazer tratamentos regulares de água do mar...", sim, Dr. R., eu sei disso tudo...), as marretadas continuavam a ressoar... Depois, outro pequenino problema a atrapalhar a concentração. Antes que a minha mente se disponha a atravessar prados verdejantes e nuvens branquinhas, convém tratar de um certo maxilar comprimido. É curioso mas não necessariamente positivo perceber que se calhar sempre fui rapariga de comprimir maxilares. Só que agora, a consciencialização da existência desta... vá, mania!, parece até dar mais força à compressão... e como não me faltava mais nada... Ok, relaxa, distende os músculos, comanda os dentes para que não se toquem... vá, façam-me lá o jeito... não tocar... não tocar... grunf, em mim até os dentes têm personalidade, que treta!
Bom, a dor de cabeça está lá, mais vale admiti-la e jogar com ela. Quando os maxilares me pareceram finalmente dispostos a colaborar, lá me tentei dedicar às paisagens de mar e ondas calminhas, areia branca e sol quente na pele... Até que... um ruído, um ruído estranho, incómodo, irritante, que dá voltade de atacar quem ousa produzi-lo justamente quando consigo dedicar-me ao meu propósito! Mas que raio de coisa vem a ser esta?!?
... era o despertador... e eram também horas de levantar...
Ah, pois é... depois de tanto tempo a preparar o corpo e a mente para o relaxamento interior e para a tentativa de manipulação de sonhos que daí adviessem, as drogas ganharam a corrida...
Sem comentários:
Enviar um comentário