Na loja, pedi para trocar a peça de roupa que já andava na mala do carro há uma semana à espera da sua sorte. Na caixa responderam-me que não era possível porque a peça já tinha sido usada uma vez. Dei as minhas explicações, tentei fazê-lo entender que só me dei conta que afinal não devia ter trazido aquele tamanho ao usar porque nessa altura é que vi que o tecido alargava deixando de corresponder ao que eu pretendia. Respondeu que entendia mas que não podia ser, que não podem trocar peças que já foram usadas e que era óbvio que aquele material cedia... Resignei-me e disse: com certeza, entendo, deixa estar então, para a próxima tento ser mais atenta. E quando já estava mesmo a virar as costas, o rapaz disse: ok, vou abrir uma excepção. Repare, nós não podemos fazer isto mas pronto, desta vez passa...
Fiquei espantada, não era propriamente uma pessoa de trato fácil, até se podia dizer um pouco antipática e, mais do que isso, tinha a razão do seu lado. Sorri meio incrédula, tentando perceber se não tinha ouvido mal e lá entreguei a etiqueta do produto que tinha tirado entretanto da mala.
Enquanto a operação do regista e não regista e do troca e não troca decorria, dei por mim a pensar: caramba, não estamos a falar de algo fundamental. Eu não morria se não trocasse a peça, o meu mundo não acabava, não ficava nem mais pobre nem mais rica. Ele, o fulano da caixa, por seu turno, também não ganhava nem perdia. Não era um assunto de vida ou morte, de muito milhões, de nada importante. Mas... ele foi amável. Podia não ter sido, tinha legitimidade para não o ser e ninguém lhe podia apontar o dedo. Estava a fazer o seu trabalho, a cumprir as regras, e bem. Mas... DECIDIU ser amável. Simplesmente isso.
Não posso deixar de escrever sobre o assunto. Não posso porque me dei conta que a amabilidade, pura e simples, é cada vez mais rara. Não posso porque é bom perceber que ainda existem pessoas assim, é bom destacá-las, é bom reconhecer-lhes o mérito. Não posso porque há muito tempo que ninguém era tão amável assim comigo, simplesmente amável, sem ganhar nada com isso, sem pensar muito, sem... mais nada.
P.S: Para aqueles que estão, neste momento, a pensar "pois, és mulher, o rapaz derreteu-se e fez-te o jeito", acho que posso afirmar com quase, quase, quase! cem por cento de certeza que não me parece que faça o "género" dele ;).
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