Sono, muito sono, de quem dormiu muito aquém do que queria e, afinal, até podia! Porque a interromper estas palavras, surge o telefonema, pois que já não vêm, desmarcaram à última...
E a noite recheada, de pesadelos daqueles que dão medo, como criança a lidar com monstros imaginários. E esta casa era o centro do mal, era aqui que tudo acontecia, era daqui que tinha que sair com urgência.
No meio do nada, uma caixa de recordações onde, perdido e entrelaçado em inúmeros pedaços de papel rabiscados com mensagens várias trocadas de mão em mão nas aulas do liceu, um mais pequeno me chama a atenção. Letra de criança, a criança que eu fui, letra que se esforça para desenhar o A e o B de acordo com o manual da primária, de língua de fora, pressionando com força a caneta no papel para não sair da linha e curvar o C e o G na perfeição. Sem grande sucesso, diga-se de passagem, até hoje consigo ouvir a professora: até escreves bem mas tens uma letra tão feia, credo, é uma pena...!
Mas esse papelinho velho, de letra feia mas esforçada, oferece-me uma cantilena:
Gosto de ti porque gosto
Gosto de ti porque sim
Gosto de ti e aposto
Que tu também gostas de mim.
Tavez a tenha escrito por ser a única que conhecia para praticar a caligrafia, talvez a tenha escrito para a oferecer a algum menino especial certamente pensando que depois receberia em troca um "tens razão, também gosto de ti". Se assim foi, terei arrepiado caminho algures, provavelmente com medo de fazer figuras tristes, criança que eu era já dona de grande sentido crítico, e a cantilena nunca chegou a sair de mim acabando por encontrar acomodação no meio de todas as outras mensagens, essas sim, que passaram de mão em mão.
Gosto de ti porque gosto
Gosto de ti porque sim
Gosto de ti e aposto
Que tu também gostas de mim.
E a noite recheada, de pesadelos daqueles que dão medo, como criança a lidar com monstros imaginários. E esta casa era o centro do mal, era aqui que tudo acontecia, era daqui que tinha que sair com urgência.
No meio do nada, uma caixa de recordações onde, perdido e entrelaçado em inúmeros pedaços de papel rabiscados com mensagens várias trocadas de mão em mão nas aulas do liceu, um mais pequeno me chama a atenção. Letra de criança, a criança que eu fui, letra que se esforça para desenhar o A e o B de acordo com o manual da primária, de língua de fora, pressionando com força a caneta no papel para não sair da linha e curvar o C e o G na perfeição. Sem grande sucesso, diga-se de passagem, até hoje consigo ouvir a professora: até escreves bem mas tens uma letra tão feia, credo, é uma pena...!
Mas esse papelinho velho, de letra feia mas esforçada, oferece-me uma cantilena:
Gosto de ti porque gosto
Gosto de ti porque sim
Gosto de ti e aposto
Que tu também gostas de mim.
Tavez a tenha escrito por ser a única que conhecia para praticar a caligrafia, talvez a tenha escrito para a oferecer a algum menino especial certamente pensando que depois receberia em troca um "tens razão, também gosto de ti". Se assim foi, terei arrepiado caminho algures, provavelmente com medo de fazer figuras tristes, criança que eu era já dona de grande sentido crítico, e a cantilena nunca chegou a sair de mim acabando por encontrar acomodação no meio de todas as outras mensagens, essas sim, que passaram de mão em mão.
Gosto de ti porque gosto
Gosto de ti porque sim
Gosto de ti e aposto
Que tu também gostas de mim.
Nada mais sincero, nada mais humano. "Porque sim..", pois claro, que outra razão poderia haver...? Nada mais bonito, simplesmente bonito, para se entregar a alguém.
Sem comentários:
Enviar um comentário