quinta-feira, abril 29, 2010

A andar... voando!

Uma miscelânia de pensamentos, emoções, visões, dúvidas, certezas e o que mais haja para assombrar as células afinal não tão mortas do meu cérebro. Uma chapada, uma chapada bem dada, certeira, dolorosa, daquelas que estalam e que fazem sentir a cara a arder e, acima de tudo, nos ferem no âmago. E o calor a subir pelas faces, a cerrar os punhos, a carregar a expressão e a transformar-se em raiva e desespero, fúria e tristeza, vontade de gritar, esmurrar, chorar, e as voltas do corpo, de quem não consegue estar sentado, de quem não consegue falar porque se pára cai, sabe que cai. Mas recorre-se a quem felizmente está perto, fala-se, fala-se, pergunta-se, pede-se ajuda para não ceder aos impulsos, para não deixar que esse calor nefasto nos domine. Mas uma chapada bem dada dói mas também abana e desperta, faz com que outros sentidos abram os olhos, sentidos até agora meio adormecidos mas que continuam a cá morar. E havia de haver um dia em que viriam ao de cima, claro...

Passam os minutos, as meias horas, as horas e acalma-se a fúria, mas o que acordou parece bem desperto e sem vontade nenhuma de voltar a adormecer. Estão frescos, recuperados e vieram para ficar. Vão-se instalando, à medida que passam os minutos, vão-se acomodando calmamente, tomando o seu devido lugar e cimentando as certezas que vão surgindo. Chega. Chegou talvez o momento de dar um passo maior no sentido de recuperar grandes partes de mim. Chega. Chegou o momento de "subir nas tamanquinhas", de retomar o espaço, o meu espaço, de não passar mais ao lado do que é também meu.

E as palavras saiem, desenfreadas e sem medos, pintando as cenas, ligando as pessoas. Trocam-se palavras e, simultaneamente, abraços, energias. Trocam-se palavras, dão-se e recebem-se, descarrega-se o peso, ganha-se espaço e paz. E assim ficámos, de mãos dadas, sentindo o calor uns dos outros, sentindo que estávamos ali e que eramos nós como sempre.

O ar fresco da noite a soprar e a arrefecer o corpo e a mente, a condução conduzida pelos pensamentos, pelas certezas, pelas dúvidas. Mas, acima de tudo, pela leveza que fez com que eu e máquina fossemos afinal objectos voadores e pairássemos pela estrada fora.

Parece que chega, sim. Parece que finalmente me cansei de estar rente ao chão e estou pronta para dar uso às minhas asas.

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