Não sei se é a conjuntura astral, as energias do universo, a p****! da idade em que nos encontramos, não sei, mas o certo é que o tema "felicidade" tem sido recorrente em conversas, em pensamentos, em considerações. O que é, o que não é, vale por si só, não vale, já se sentiu ou não, enfim, muitas questões nos ar, nenhuma de fácil resposta.
Imbuída deste espírito pseudo filosófico, pus-me a pensar e a tentar analisar um exercício que, de há uns anos a esta parte, faço de vez em quando. Num momento qualquer, quando me faz sentido, páro, olho para dentro de mim e pergunto: és feliz? Faço simplesmente isto e abro a mente para ouvir o que o meu coração tem para me dizer. Obtive sempre resposta, o meu coração deu-ma sempre, de forma mais ou menos clara mas, acima de tudo, sentida. Essa resposta às vezes foi "sim", às vezes foi um redondo "não".
Tenho ouvido muito que a felicidade são momentos, que não é permanente, que temos momentos felizes, que a felicidade experiencia-se nesses momentos e que esses são efémeros. E esta opinião parece ser generalizada... mas não consigo concordar. Sim, acredito que existem momentos de felicidade e outros momentos que não são felizes mas não concordo que a felicidade esteja encerrada nesses momentos bons e que só exista quando eles existem. Não. E não acredito porque, quando perguntei a mim mesma, houve alturas em que ouvi "sim" e esse "sim" não tinha por base, necessariamente, um momento de felicidade.
Lembro-me bem de alturas na vida em que tudo parecia correr sobre rodas, em que não tinha problemas de maior, aparentemente nada com que me preocupar. Mas ouvi de mim um "não", senti em mim um "não". E outras houve em que, apesar das chatices, das contrariedades, das angústias, dos medos e dúvidas, olhava para dentro e o "sim" despontava brilhante do meio da confusão e do escuro.
Pois... talvez não pareça fazer sentido mas para mim é simples, tão simples... a felicidade é um estado da alma. A felicidade está dentro de nós, reside na paz, na confiança que temos em nós, na vida que vivemos, nos outros. É a almofada de conforto onde podemos deitar a nossa cabeça e que, mesmo quando tudo parece correr mal, nos dá calor e nos faz sorrir. É o que nos espera quando, depois de um dia de "trampa", chegamos a casa, metemos a chave à porta de nós mesmos, à porta do resto da nossa vida e nos sentimos bem. É o que faz com que os nossos olhos brilhem simplesmente porque sim mesmo que nada em concreto pareça iluminá-los. É o que alivia os nossos traços, é o que nos envolve sem que saibamos explicar, mesmo que quem vê de fora não entenda, mesmo que a nossa vida seja (como é, na maioria das vezes) recheada de momentos imperfeitos, de momentos infelizes. É o que nos reveste por dentro e nos aconchega e que nos faz acreditar que vale a pena, apesar de tudo, e que vamos conseguir andar com a vida para a frente. E nessa altura, não "estamos" mas sim "somos". É essa a grande diferença. Nos momentos "estamos" felizes, na alma "somos".
Sim, para mim a felicidade é um estado da alma. Acredito nisto e não acredito por uma questão de fé. Acredito porque já a vivi, porque já vive esse "ser" e não só "estar". Acredito porque já houve épocas em que o meu coração respondeu "sim" e o brilho dos meus olhos era meu, simplesmente meu.
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