"Corre esse risco" disse-me então, "corre o risco de se fechar". Eu sei e sinto-o tão bem... fechada a remoer, para dentro a remoer, a tentar dar sentido ao que não entendo mas sozinha, sem ajuda, a esforçar-me para dispensar as respostas que não tenho e viver bem com isso, a evitar fazer mais perguntas, a dedicar-me a dar largas ao esquecimento, almejando a liberdade que o esquecimento traz. Corro o risco, pois claro. Corro por cima dele, através dele, enlaçada nele. Basta olhar para mim, basta parar um bocadinho para perceber que o risco já não é um risco.
Estou cansada, muito cansada. Há dias em que estou muito cansada de me levantar e fazer e acontecer e tentar e esforçar-me e sei lá mais o quê...! Dói. E eu estou cansada que doa. E quero chorar e gritar e muitas vezes não consigo. Mas choro, mesmo assim, as lágrimas não se vêem mas choro só que não é o choro molhado que lava. Estou cansada e todos os dias quando deito a cabeça na almofada peço por um final e há dias em que peço por qualquer final, sem ser esquisita, qualquer um que feche o ciclo e pronto, mesmo mal amanhado, mesmo defeituoso, não quero saber! Mas também já aprendi que, mesmo querendo, a persistente e inconformada cabeça minha não me deixa aceitar restos ou sobras ou finais montados em cima do joelho. Perfeccionista? Talvez... Muitas vezes acho simplesmente que sou pouco inteligente.
Sem comentários:
Enviar um comentário