Preciso de tempo. Preciso de uma pausa antes de pôr os pés no chão. Preciso confrontá-los com a luz do dia e desmascarar a sua essência. São sonhos, nada mais, são sonhos, e devem ficar ali, deitados na cama quando me levanto. Preciso de tempo para os desprender de mim, para que nos separemos, para que a minha vida comece, neste mundo real, desperta, atenta, com os sentidos aguçados, pronta para se agarrar ao mundo como ele é. Preciso de tempo para que as névoas e brumas deixadas pelos sonhos se dissipem. Preciso de tempo para acordar realmente. Preciso... porque quando a passagem é feita abruptamente, as matérias misturam-se resultando numa amálgama sem explicação, o corpo inicia a sua rota mas a mente tolda-lhe os movimentos por ainda estar submersa noutros mares, mares de um outro mundo. E assim se passa o dia, com um pé cá e outro lá, numa espécie de dormência indefinida. E assim se passa o dia navegando entre um mundo e o outro. E assim se passa o dia em lugar nenhum.
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