Choros, muito choros, gritos de dor, pedidos de ajuda atirados ao ar, para quem os poder apanhar, por favor!, olhos abertos de pânico e sofrimento, soluços que provocam convulsões, murros nas paredes, nas portas, no chão, corpo que não se aguenta de pé, boca que se contorce em formas estranhas, formas de desespero e medo e raiva e tristeza que parece não ter um fim, formas que dilaceram o rosto, que o torcem tornando-o inchado e dorido, veias a rebentar, tremores incontroláveis, a expulsão dos demónios.
Depois... depois, o silêncio. O frio do mosaico a fazer-se sentir e a relaxar as veias, a dureza do chão a aplacar os movimentos, a boca cansada dos seus esgares queda-se entreaberta, sem expressão, as mãos outrora em forma de garra, avermelhadas pelos embates, amolecem em concha e fecham-se. O silêncio. A calma que surge depois da violência e devastação. A imobilidade de quem pára, não porque tenha alcançado a sua meta mas porque não tem forças para mais. A paz podre de quem já não consegue gritar.
E depois... depois, ajudando-se, apoiando-se, de novo a verticalidade. A dormência começa a vencer-se apesar de a ressaca ainda estalar na cabeça, do completo desalento roubar as expressões e revestir de inércia todos os músculos. De forma automatica, segue-se, em silêncio, atravessando o escuro.
E... recomeça-se.
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