quarta-feira, março 31, 2010

Frase do dia

"A coincidência é a forma que Deus tem de permanecer anónimo."
Albert Einstein

TOC e não foge

Dia de Maria, ajuda com a declaração de IRS "vês como se faz? É assim... bom, agora eu preencho o primeiro e depois preenches o resto, está bem?"

Está, está... 3584 campos depois... lá me vim eu embora. E agora falta o meu... vou ficar pró na matéria! Venham rendimentos de capitais, venham retenções na fonte, venham actos isolados, venham NIFs e códigos de campo, venham que eu dou conta de vocês todos!

Plágio

«As tempestades que assolam a vida não levam, trazem. São essas «tempestades» que nos devolvem a nós, que nos fazem sentar frente a frente connosco. Eu sei que ninguém quer «tempestades» na vida mas quando surgem são elas que nos levam na força dos ventos do regresso a nós próprios."

Constatação #13

Quando estamos rente ao chão e olhamos para cima, tudo nos parece maior do que realmente é.

terça-feira, março 30, 2010

Muita coisa ou coisa nenhuma

Um misto de alegria e tristeza. Alegria por eles, que me são queridos, que fazem parte do meu ser, tristeza por me sentir do lado de fora do vidro. Estranheza, sim, e desconforto. Mas é sempre assim das primeiras vezes, não é? As primeiras vezes são sempre estranhas, principalmente, as primeiras vezes do que não desejamos, do que é imposto (e, comigo, as imposições são sempre tão indigestas...). As primeiras vezes são mal encaradas, amargas, raspam ao passar por nós, como giz no quadro preto. São como uma peça de puzzle mal recortada, ainda com uma rigidez novinha em folha, sem uso, que não encaixa exactamente mas que tem que encaixar porque olhamos em volta, para a caixa das peças, e vemos que não há outra. Há que limar o cartão, moldá-la e fazê-la caber e, mesmo que a imagem que forma nos pareça afinal desformatada, temos que esperar que depois, no seu conjunto, tudo faça sentido. Um misto de felicidade e aperto no estômago, um misto de ganhos e perdas. Depois, bom, depois certamente tudo fica mais fácil. Porque as vezes seguintes seguem o seu caminho e deixam cair a capa da estranheza e passam a ser familiares, corriqueiras, nossas. Mesmo que não queiramos, passam a ser nossas. E nessa altura, olhamos para elas de frente, como velhas desconhecidas, como dizia a canção.

Cair, quebrar e abrir, sim, abrir para o que vem, abrir para deitar fora o que já não presta. O tal caminho pela floresta escura, onde temos medo de entrar mas de onde, tendo-se iniciado, já não se pode voltar. Acreditar que a escuridão traz luz, que temos que enfrentar as árvores sombrias para depois poder receber o que se esconde por trás delas. Que elas afinal não são assim tão escuras e tão grandes, que elas afinal ladeiam o caminho mas não o tapam e que nós, ao passar por elas, não vamos ser magoados mais do que é preciso.

E de novo os sonhos. Por mais que evite, enquanto a luz do sol me ilumina e me pinta de tonalidades novas, a noite traz de volta o resto, o que está ainda guardado, lembrando-me sempre que não adianta olhar para o outro lado e fingir, não adianta. O que ainda cá mora só se vai embora quando eu der de caras com ele, enfrentar, moer, reduzir a pó. Depois sim, sopra-se o que resta, limpa-se a casa.

Resistência, esbracejar contra a corrente. Ou deixar que a água nos leve. Nunca gostei que me levassem, sempre fiz questão de ser eu a indicar o caminho. Talvez esteja na altura de mudar e deixar-me ir...

segunda-feira, março 29, 2010

Pontuando

Perguntas-te novamente, o que mais falta. Perguntas-te e tentas prever, imaginar cenários, sentir na pele como se fosse real, sentir o que há a sentir, ferir, castigar se assim for preciso, para te habituares à dor, para que ela não te seja uma estranha, para que não te apanhe mais de surpresa. Antecipas e esperas, dando pontapés violentos às ilusões, domando a imaginação que voa sem regras, voa para além de ti, para mundos que não queres visitar, mundos onde já vivestes e sabes que te atrofiam a alma, te tiram o ar. Perguntas-te e respondes, sempre da forma mais crua, seca, fria e implacável, tu, no teu mais acérrimo combate. Perguntas-te e revês minuciosamente palavras, sentimentos, vozes, uma a uma, analisando tons, expressões, analisando ao mais ínfimo pormenor, reconstruindo cenas sem que falte uma única peça no cenário, sem que falte uma única linha do texto, uma única vírgula ou qualquer parte do subtexto. Revês tudo e perguntas-te: já te chega?, e de todas as vezes esperas convictamente que o coração acene a cabeça, sorria e acrescente o derradeiro ponto final.

domingo, março 28, 2010

As horas

Jantar à luz de velas, com um copo de vinho tinto a acompanhar tostinhas com salmão fumado, temperado com pimenta e limão. Era a Hora do Planeta e como houve atraso, para compensar, as velas mantiveram-se o resto da noite. O rádio que informa que afinal não são 2 mas 3, a hora que mudou sem que me tivesses avisado. O atraso de manhã e a combinação: fingimos que a hora ainda é a de ontem, ok? As horas de sol, pelas ruinhas e ruelas, as horas de conversa de quem só precisa falar. E a hora de as trazer para minha casa, as tuas notas, as notas que me foste dando sem saber, ou talvez sabendo, e que apenas esperavam a hora certa para se assumirem minhas e passarem a fazer parte do meu espaço, das minhas horas. A hora que estica a tarde e permite ler ao ar livre depois de um dia fora de mim. O meu momento meu, a minha hora, eu comigo, e eu mesmo eu, de livro grosso na mão, a receber o sol que se deita mais tarde, a partilhar a brisa que atravessa as árvores e que toca as páginas nas minhas mãos.

sexta-feira, março 26, 2010

Quanto mais me bates...?

Ai a minha vida... !

O duelo cortante deu-se. Durou quase duas horas, comigo em pé, sem nunca ter sido sugerido que me sentasse, e decorreu de porta aberta para quem quisesse ouvir. Cenário montado para me quebrar, julgo eu. Saí de lá com dor de cabeça porque, efectivamente, não quebrei como era pretendido. Duas horas a ripostar, a defender, a refilar, a justificar, a manter-me de pé, quase a perder as estribeiras muitas e muitas vezes, os dois a espumar de raiva, guerra de forças, ele a querer anular a minha e eu a fazer questão que isso não acontecesse... mas saí de cabeça erguida dizendo: sim, sei que temos que nos entender. E garanto-lhe que pode contar da minha parte com aquilo que sou. Vou protestar e refilar quando achar que devo, pode contar com isso, porque essa sou eu e não finjo ser outra pessoa. Da minha parte, comprometo-me a ser sempre sincera e directa.

Assim ficou e assim fiquei eu também a ver o que acontecia já esperando que, a partir dali, ele fizesse questão de tornar a minha vida (ainda) mais infernal.

Estranhamente, esta semana as coisas mudaram. Passei de pior inimiga, chata que só refila, que desafia a autoridade, insuportável como só ela para aquela a quem pede "para me desenrascares isto aqui, pode ser?", aquela com quem fala em privado por causa de erros dos outros que, na minha altura, eu não cometia e pede conselhos sobre como deve resolver o problema agora, aquela com quem tem à vontade para dizer "m****!" num discurso menos formal, aquela a quem pisca o olho ao passar no corredor, aquela a quem diz com um certo sorriso "Sim, eu entendo-te muito bem! Nós somos parecidos, sabes? Deve ser por isso que nos picamos tanto!".

A sério... eu não sei se isto é bom, eu não sei se eu quero isto... a sério... que raio é que fiz de errado?? Eu dei para trás, eu mantive-me de espinha dorsal bem recta e até, admito, consegui ser bastante inconveniente e arrogante com a "autoridade"! Caramba... será que isto afinal "dá pica" e eu não sabia?

Ai... credo... sai... xôôô, xôôô... imagem estranha e arrepiante! Arrgghh!

quinta-feira, março 25, 2010

Frase do dia

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, março 24, 2010

A ostracizada e a "oscarizada"

E pronto, pus a minha sala toda a rir por gozar alegremente com a cara de uma das presentes. E as gargalhadas aumentaram ainda mais de tom quando a visada, sem perceber pêvas do que se passava, começou a rir também.

Priceless
...

Podem mandar vir o Óscar para melhor artista de comédia, faz favor, que já mereço...!

Hemisférios

Jurei para nunca mais. Lembro-me como se fosse hoje embora pareça ter sido há uma eternidade. Jurei para nunca mais, vezes e vezes sem conta. Jurei para nunca mais e cumpri. Fui construindo os meus muros, construindo, tijolo a tijolo, e cerquei-me a toda a volta. Jurei para nunca mais e repeti essa palavras muitas e muitas vezes, para que formassem o meu eco, sempre a vibrar dentro das minhas paredes. E consegui de tal forma que o som dessa jura me envolveu e eu deixei de ouvir o que se passava lá fora. Por isso, não percebi que algo se aproximava. Não ouvi os murmúrios debaixo da terra que indicavam que ela ia começar a tremer. Não ouvi os avisos dos outros, não percebi que o planeta já se revolvia até ao momento em que me atingiu, até ao momento em que se começou a abrir o chão debaixo dos meus pés. Nessa altura, enquanto tentava escapar das fendas, vi o meu muro, aparentemente tão seguro, a ruir. Jurei para nunca mais, jurei em forma de tigolo e argamassa, jurei solidamente, pedra após pedra. Mas o muro caiu afinal, sem que eu esperasse, sem que eu tivesse tempo de reagir. Jurei para nunca mais e nessa altura percebi que as minhas juras cimentadas me tinham levado exactamente ao ponto de partida. Porque eram juras rígidas, duras, sem nada de maleável em si. Não eram, por isso, à prova de tremor. Jurei para nunca mais e enquanto as observava a cair por terra percebi que me tinha iludido, que elas me tinham enganado e que me fizeram acreditar numa rigidez positiva, protectora quando afinal era ela agora a minha maior inimiga. Jurei e agarrei-me ao juramento não vendo nada para além dele. Jurei e essa jura foi um erro, talvez o meu maior erro.

Agora, construo com calma uma outra estrutura. Numa espécie de ferro moldável, com uma rede de recinto de escolinha primária. Protejo-me mas sem perder o ar, cerco-me mas aberta para o lado de fora, para ouvir, para ver, para que haja entrada e saída de gente, partilha de emoções, energias, sentimentos, sensações de sol e vento. Estou mais exposta, sim, mas numa medida que me permite receber a luz do lado de lá, dar-lhe a mão e, ao mesmo tempo também, preparar-me para os ventos negros logo que surjam no horizonte.

Não, não juro que não caia e por isso não juro que não tenha que começar tudo outra vez. Mas juro, sim, que vou cuidar dela como cuido de mim, como algo mutável e vivo, que pode moldar-se às circunstâncias, que pode crescer e viver e mover-se nos dois lados do mundo.

terça-feira, março 23, 2010

Diz que disse que disse

A autora não sou eu nem a pessoa que me enviou mas sim uma terceira...

Sintonizar com quem interessa

Deve ser...

Encontro com um vizinho do prédio da minha mãe:

- Ah... bom dia, como está? É a filha da D. L., não é? Desculpe, não estava a reconhecer... está diferente, não sei... está mais gorda ou está mais magra?
- Errr... espero que mais magra...
- Pois, é... deve ser isso...

Preferências

- O dia em que deixares de te desiludir é o dia em que deixas de ter esperança, em que deixas de acreditar nas pessoas, no mundo. Queres mesmo chegar a esse dia?
- Quero. Prefiro não esperar nada de ninguém, nem mesmo de mim. Prefiro. Estou cansada de baldes de água fria. Chega. Se me for dado a escolher, escolho a descrença.

segunda-feira, março 22, 2010

Coloridos

Sim, sou eu, continuo a ser eu. Sempre acreditei, agora vejo. Sou eu, a renascer talvez, numa forma ligeiramente diferente mas eu, a mesma. No outro dia disseram-me "bem vinda de volta!". Sorri para mim mesma. Não foi a primeira vez que ouvi esta expressão mas foi, talvez, a primeira vez que a consegui reconhecer. Sou eu, com tudo de bom e tudo de mau, esperando que o bom seja ainda melhor, que o mau se tenha temperado, equilibrado e subsista apenas na medida da sua utilidade (sim, porque tenho que reconhecer que uma certa preversidade pode, de facto, ser muito útil) mas eu. Ainda não a 100%, ainda não totalmente de pé, de costas direitas e nariz empinado, mas eu. Vi nos olhos dos outros, amigos de todo o sempre, a fazer-me sentir em casa, a sentir-me como antes; vi na côr dos meses. Sim, eu pinto os meses e olhando para trás vejo de forma muito nítida a paleta da minha vida recente. Olhando para trás, vejo os primeiros tempos em cores suaves, alegres mas cortadas por rasgos violentos de vermelho sangue a embeber toda a tela. Período de emoções fortes, desalentos, agressividade. Depois, o vermelho a esbater-se, a dar lugar a um lilás. Lilás com restos de vermelhidão mas a roxear pelos dias com tons de azul. O azul escuro da tristeza que finalmente invade e se prolonga por muito tempo até chegar quase ao preto, ao expoente máximo de negritude. A partir daí suaviza, aos pouquinhos, muito devagar, tão devagar que parecia parado. Mas hoje vejo que foi esbatendo com o passar do tempo e deu origem a um determinado tom de rosa. É aí que estou agora. Num rosa velho, ainda meio manchado, ainda com laivos de preto, vermelho, azul, as cores de antes ainda na sua base. Mas rosa. E esse rosa, rosa velho como disse, fala-me de perdão, perdão a mim mesma e aos meus defeitos, fala-me de dar valor ao que realmente tem valor, fala-me de rigidez amaciada, de contornos mais suaves, de reconhecimento do que sou, de quem sou e o que mereço. Fala-me também de reconstrução, de mim e da forma como vejo o mundo e os outros. Fala-me de paz, a paz que quero e de segurança, crença na matéria de que sou feita.

Sou eu, sim, sou eu. E assumo-me e aceito-me e imponho-me à vida dessa mesma forma.

sábado, março 20, 2010

sexta-feira, março 19, 2010

quinta-feira, março 18, 2010

A Primavera chegou!

E como é que eu sei? Vi nas notícias? O calendário mostrou-me? As flores que começam a aparecer por todo o lado disseram-me? Os pássaros a cantarolar deram-me a dica? A roupa mais leve a querer saltar do armário fez-me pensar no assunto? Não. Soube pelo meu galo metereológico, adquirido em versão limitada "gata felpuda tricolor", que já não dorme a noite toda debaixo dos meus cobertores. Portanto, é oficial.

Infectada

E pronto, está provado, a irresponsabilidade é um vírus manhoso que, nesta minha geração, ataca mais depois dos 30. Não devia ser, não foi isso que os nossos pais e avós nos ensinaram e mostraram e esperaram de nós. Depois dos 30 (no caso deles, até muito antes) é quando a vida supostamente assenta e finalmente nos transformamos em adultos maduros, com a cabeça no lugar, que levam a sua vida direitinho pelo carreiro definido, que fazem o que deve ser feito.

Aposto que, na cartilha da maturidade, não está em capítulo nenhum ignorar o despertador vezes e vezes sem conta, finalmente desligá-lo (até porque os vizinhos do lado uma vez desesperaram e começaram a bater na parede porque já não o conseguiam ouvir), deixarmo-nos mimar pela gata fofa e sonolenta, voltar a "ferrar" como se não houvesse amanhã, acordar finalmente para perceber que são 9.30h e que já deviamos estar a entrar ao serviço e pensar "pois... estou atrasado... bastante atrasado... pois, devia estar em pânico, em stress, a correr de um lado para outro e não estou... pois... vou ficar aqui mais 5 minutos a pensar porque raio não me sinto preocupado com a questão... pode ser que chegue a alguma conclusão brilhante...".

E cheguei. Tomo droga a menos. Se tomasse mais, não perdia tempo a pensar e voltava-me para o outro lado. Sempre era mais útil.

quarta-feira, março 17, 2010

Pretuguês, à vontade do freguês!

"Opá, isto assim não pode ser! Sou sempre a última a saber destas coisas, sou uma autêntica corna!"

Olhe, desculpe... posso acrescentar imbecila?

Frase do dia

A minha vontade é forte mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca.
Carlos Drummond de Andrade

Castanha, sou eu...

"É necessário cair, quebrar e abrir. Só assim vemos realmente quem somos, só assim crescemos verdadeiramente."

terça-feira, março 16, 2010

Guincho

Para pensar e, acima de tudo, fazer!

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
Charlie Chaplin

segunda-feira, março 15, 2010

Conversa ao almoço

- Sabes o que nos falta, o que perdemos? A leveza de espírito... a vida mata a leveza de espírito. Tenho saudades de ser leve.
- Também eu...

Balançando eu também...

Dias de sol, primeira ida à praia de 2010, conversas profundas, conversas banais. O colchão novo, órfão de mãe que passou para mim, a tremelicar por todo o lado. Diz que faz bem. Surpresas esperadas afinal e o riso nervoso, gargalhadas mesmo, incontroláveis e tristes de quem se ri de si próprio pelos piores motivos e que puxam o choro e tudo, tudo isto a dizer que é possível estar louco temporariamente. As histórias contadas, histórias onde eu já existia mas era apenas um pequeno pião, histórias de vida também minha a construir o que somos hoje. E a sensação de que está próximo mesmo longe, tão longe, o mais longe possível. Não é possível estar mais longe, inacessível, não é possível. E a vontade de perguntar coisas e saber mais porque era de mim que falava, era eu que estava no seu pensamento. O sol a bater, o mar a chegar perto, a cabeça a estalar, de dor, sim mas cheia, bojuda com pensamentos e palavras ouvidas e palavras de esperança também, de quem acredita num caminho. E ainda com capacidade para sorrir para o sol, sorrir para o mar, inspirar fundo e retomar. Sem saber muito bem como mas sim, sem dúvida, retomar.

sábado, março 13, 2010

sexta-feira, março 12, 2010

Somewhere over the rainbow...

Aceita as lágrimas mas também os sorrisos, mesmo quando vêm juntos. Porque lágrimas e sorrisos misturados são como dias de sol e chuva. Qual pode ser o resultado? O arco-íris.

"Responde-me com uma só palavra"

E as palavras que recebi foram:

Força
Inconformada
Vontade
Lutadora
Honesta

Li e reli e desejei, do fundo do coração, vê-las também...

quinta-feira, março 11, 2010

Lufadas de ar fresco

E, de repente, duas novidades na calha, a convergir num mesmo tempo, duas sementes plantadas que ameaçam gerar frutos em breve. O que vou colher? Ainda não sei mas o sabor da descoberta e a esperança de que seja mesmo algo de bom já é bem doce.

Falando bem e depressa

A tremer na base; a correr atrás; conserto de um lado e parece cair do outro; as forças do universo em revolução, o "meu" universo em revolução; problemas, dúvidas, indecisões, mágoas, tristezas, raiva, preocupações; atitudes que me fazem estranhar; o controlo que não tenho e devia ter; o esforço para deixar o passado no seu lugar e não o deixar invadir o presente; a ansiedade e a angústia de quem espera por um ponto final e parece não ter alternativa para além de caminhar sobre os rolamentos das reticências; o peso pesado, meu e de outros, que é difícil de carregar às costas; a desilusão, tão grande desilusão com tantas coisas que parece não ter fim e parece poder marcar tudo o resto a partir daqui. A incerteza e a certeza de que ela existe e que veio para ficar...

"F***-se!" para isto tudo! Estou farta!!

quarta-feira, março 10, 2010

Constatação #12

Tenho muitos medos. Mas, sobretudo, tenho medo de mim.

Navegando

Viajas, sim, continuas a viajar, porque o tempo te leva para a frente. E cada viagem é um dia e cada dia é uma viagem que se inicia de forma diferente, dependendo de como incide a luz na tua cara ao acordar. Por vezes, brindam-te as lágrimas, sem pedir permissão, sem avisar da sua chegada, e correm pela cara livremente ainda nem abriste bem os olhos. Por vezes, nada surge e a urgência prática das coisas mundanas sobrepõe-se comandando o ritmo e a dormência. Por vezes, ainda, a luz bate-te em cheio no coração. Essas são as viagens que mais prometem. Mas não quer dizer que cumpram. E os sonhos ficam ainda um bocadinho, a fazer sala, até que se dissipam completamente sem, nem sempre, deixar rasto. Mas existe uma constância que parece de pedra e cal, uma fenda, algo desmanchado para sempre, que perdeu a sua forma original. Está lá, permanentemente, bem no centro do corpo, aberto de cima a baixo, macerado, doente, buraco que ainda não é cicatriz. Está lá e tu vês e sentes. Vês ao espelho o seu reflexo, na tua cara, nos teus ombros e sentes a sua presença, sabes exactamente onde se encontra até sem ver, de olhos fechados, tacteando com a tua mão que chega lá sem hesitações, ao ponto exacto. Porque ele pulsa, porque se manifesta, porque não deixa esquecer que existe e domina os olhares, as expressões, controla a intensidade do brilho, os gestos, a pele, a voz. E cada viagem tem-no como capitão. E tu sentes-te um mero passageiro no seu barco.

terça-feira, março 09, 2010

Fotossíntese #2

E a eloquência continua...

Ao telefone:
"- Ai, coitadinho do seu filho... pois isso do sarampo é muito chato. Olhe, o meu menino fez tantas póstulas, tantas póstulas que até metia impressão!"

Imersão

O sol e uma infinidade de pensamentos, memórias, sensações em ondas cerebrais que não cessam. Calmas, sim, mas sempre em movimento. As mãos que falam e os traços marcados, marcando na pele os caminhos que se poderão seguir, num mapa tatuado que me acompanha; os textos que me traduzem na mesma língua e que me lêem quando eu os leio; os sonhos, os sonhos, sempre os sonhos a encher o sono e a contrariar o esquecimento; as palavras de outros, carregadas de sentido que me ultrapassa, talvez que até me pregue partidas. O sol, ainda bem que veio, a aquecer-me em lume brando para que tudo cozinhe lentamente.

segunda-feira, março 08, 2010

"Vejo que já não conversa com Ele... só protesta..."




I found God on the corner of 1st and Amistad
Where the West was all but won
All alone, smoking his last cigarette
I said, "Where you been?", He said, "Ask anything"

Where were you, when everything was falling apart?
All my days were spent by the telephone that never rang
And all I needed was a call that never came
To the corner of 1st and Amistad

Lost and insecure, you found me, you found me
Lying on the floor, surrounded, surrounded
Why'd you have to wait, where were you, where were you?
Just a little late, you found me, you found me

But in the end everyone ends up alone
Losing her, the only one who's ever known
Who I am, who I'm not and who I want to be
No way to know how long she will be next to me

Lost and insecure, you found me, you found me
Lying on the floor, surrounded, surrounded
Why'd you have to wait, where were you, where were you?
Just a little late, you found me, you found me

The early morning, the city breaks
And I've been calling for years and years and years and years
And you never left me no messages, you never sent me no letters
You got some kind of nerve taking all I'm worth

Lost and insecure, you found me, you found me
Lying on the floor
Where were you, where were you?

Lost and insecure, you found me, you found me
Lying on the floor, surrounded, surrounded
Why'd you have to wait, where were you, where were you?
Just a little late, you found me, you found me

Why'd you have to wait to find me, to find me?

MM

domingo, março 07, 2010

A seu tempo

O tempo pergunta ao tempo
Quanto tempo o tempo tem.
O tempo responde ao tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o tempo tem.

O tempo num programa nas nossas mãos, o tempo celebrado num dia diferente. Histórias do tempo moderno, o tempo de hoje e a correria através dele. Métodos para o gerir, métodos para ser mais feliz. Depois, histórias de um outro tempo, da Antiguidade, do tempo a correr noutros mundos, noutras civilizações. E o gosto do orador a passar o seu conhecimento com brilho e eu a querer ser assim um dia, quando for grande. Mais à frente, o tempo ali ao pé, naquele bairro, a passar pelos nossos olhos através de fotografias antigas e de histórias com oitenta anos contadas pelos protagonistas. O tempo que passou por eles, o tempo que trouxe mudanças, as mudanças marcadas nas rugas de quem fala com gosto sobre o seu tempo que também é hoje. O pouco tempo para aproveitar tudo, para participar em mais actividades porque muitas decorriam... ao mesmo tempo. E no fim, tempo ainda para espreitar o que o tempo futuro escreve nas linhas da mão... se assim será ou não, o tempo o dirá.

O baú

"A dor reprimida nunca se vai embora. É armazenada no coração, no corpo, e mesmo nos genes, como depósitos de petróleo no subsolo."

Elizabeth Lesser

Fotossíntese

As minhas células já pediam... e finalmente o sol resolveu brindar a capital. Lisboa e eu agradecemos.




Gigantes Adormecidos ou Anjos Estranhos

Sonhei com raiva, muita raiva, sonhei com medo, com loucura, com desprezo, sonhei que tudo isto me dominava, me descontrolava e senti tudo pungentemente durante o sono. Acordei molestada ainda com as suas résteas e perguntei-me: é isto que existe dentro de mim?

sábado, março 06, 2010

Se houver alguém que reviste sacos do lixo, vai achar o meu muito estranho...

Dia de muita coisa, dia também de desperdício. Porque uma embalagem estava fora da validade, resolvo fazer revista à despensa. Feijão, geleia de milho, tostas integrais, comida para gato, cappucino em pó, milho para pipocas, gelatina, concentrado de baunilha... enfim, embalagens meias cheias, embalagens por encetar. Fora, tudo fora. Uma miscelânea deitada fora. Um desperdício. Fez-me pensar na célebre frase que todos ouvimos em pequenos quando não queremos comer a sopa "e tantos meninos por aí sem ter o que comer". Segundo me disseram, a minha resposta aos poucos anos de idade foi "então dá-lhes". Um desperdício a fazer-me pensar que, de facto, mais valia ter-lhes dado. Enfim, lição para a próxima vez que quiser fazer uma receita que leva uma colher de chá de geleia de qualquer coisa que só se vende em frascos de 500g e que eu não irei usar em mais nada: não faças.

sexta-feira, março 05, 2010

Aguaceiros

Não costumo ser pessoa que se deixa afectar psicologicamente pelo tempo... gosto de sol, de calor, gosto de chuva e vento, gosto de frio... enfim, vejo beleza em todas as estações e consigo encontrar sempre nelas qualquer coisa de bom, de vantajoso, de único, de agradável.

Mas até eu, moça "todo o terreno" no que diz respeito às condições meteorológicas, tenho que concordar que este Inverno está demais! Arrasta-se que é uma coisa, comprido como ele só, chato, rigoroso, molenga, todo embrulhado, embaraçado na massa densa das nuvens, que nunca mais se dissipa, que mói as nossas células e as deixa chuvosas e cinzentas também.

Sinceramente... já é demais! Assim não há droga que nos valha...

Somos todos patetas no mesmo autocarro

Não... infelizmente não tenho apenas um asshole na minha vida. Sim... o grito foi para todos eles. Não... não me iludo. Sim... também foi para mim.

quinta-feira, março 04, 2010

quarta-feira, março 03, 2010

O cartaz, o saltitão e a minha paciência presa por um fio

O papel diz, a grosso modo e em tom mais ou menos ameaçador, é certo, mas com humor: façam o favor de bater antes de entrar e de manter a porta fechada. É isto que diz, não é outra coisa, claro como água. Toda a gente percebeu a mensagem e houve alguns que até a comentaram com uma certa graça. Sim, a maioria das pessoas cumpre.

Mas há quem não o faça, sistematicamente. Há quem ignore total e completamente o pedido e faça gala de fazer justamente o contrário: não bate, entra de rompante e da forma menos discreta possível, deixa a porta escancarada, esteja a sair ou a entrar. Sempre.

Tenho para mim que o faz de propósito. Tenho para mim que aquela alminha pequena, mesmo que inconscientemente, não aceita que estas regras de boa convivência e civismo no local de trabalho se apliquem a ele. Tenho para mim que pensa que um "chefe" não tem nada que bater à porta dos seus subordinados e que eles têm que se aguentar com a sua presença barulhenta, mesmo que isso perturbe a sua concentração, o seu bem estar, numa sala já naturalmente cheia e complicada onde todos se esforçam para manter o ruído num nível aceitável. Tenho para mim que a triste figura tem necessidade de se afirmar e como não o consegue naturalmente e acha que bater às portas o inferioriza, entra saltitante, de rompante, para que todos notem que entrou e que o fez sem avisar "porque eu posso!". Mas, acima de tudo, tenho para mim que um dia destes é dia santo e lá vou eu ter que dizer alguma coisinha assim simpática, subtil, delicada (o meu forte, portanto!) a ver se aprendemos todos a ler...

"Não há nada que um bom tinto não resolva!"

Um garrafa de Douro Reserva, um pacote de Cheetos, jantar bom e rápido de fazer, muita conversa, choradeira e risos, cigarros e, acima de tudo, o mesmo comprimento de onda. O que se pode querer mais para uma terça-feira à noite?

terça-feira, março 02, 2010

Sr. C.


Frase do dia

"Strong and bitter words indicate a weak cause."
Anónimo

Tudo o que chega

"Fecha a porta, muda o disco, limpa a casa, sacode a poeira. Deixa de ser quem eras e e transforma-te em quem és. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és. E lembra-te: tudo o que chega, chega sempre por alguma razão."

Fernando Pessoa

segunda-feira, março 01, 2010

Frase do dia

"Ter um destino é não caber no berço onde o corpo nasceu, é transpor as fronteiras uma a uma e morrer sem nenhuma."

Miguel Torga
in Fernão de Magalhães

Bunker

Retirei-me. Dei uns passos para trás e subi para um patamar mais pequeno mas mais isolado. Tranquei-o, fechei portas e janelas de modo a que só entre o ar necessário para me sentir confortável. Retirei-me da confusão e observo-a cá de cima mas a distância segura para que não me atinja. E aqui fico, no meu canto, organizado como me dá prazer, quente, calmo, com os meus livros, a minha gata, as minhas mantas. Afastei-me do ruído, abracei o silêncio e nele só entra quem eu quero e quando eu quero. Optei pela reclusão e a paz que ela me transmite. Aqui tenho disponibilidade para olhar para mim e reconstruir a carapaça que me caracteriza. Aqui me fortaleço, aqui me protejo. De vez em quando saio à rua, quando escurece e não circula ninguém, quando tenho a certeza que é seguro. Outras vezes esforço-me por sair em plena luz do dia mas apenas quando sei exactamente onde vou, o que vou encontrar, e faço-o sem desvios, garantindo também um regresso o menos atribulado possível. E uma vez mais no meu canto, rodeio-me do que me faz bem. Na memória, sempre presente o lado oposto para que não me esqueça, para que me endureça. Sempre. Mas um dia saio de vez. Um dia, quando a carapaça estiver plenamente resistente, quando já não houver nada que a trespasse, saio. Nesse dia, de cabeça erguida, saio e bato de frente com o que se atravessar no meu caminho. Nesse dia volto a mim, volto a ter mãos nas minhas rédeas e elevo-me acima de tudo e todos, e a minha presença volta a ser o bastante para me segurar de pé. E nesse dia, que sinto cada vez mais perto, volto a brilhar à vista do mundo.

Aquilo

Postura n.º 69.035, de 1953, da CML:

«Verificando-se o aumento de actos atentatórios à moral e aos bons costumes, que dia a dia se vêem verificando nos logradouros públicos e jardins, e, em especial, nas zonas florestais de Montes Claros, Parque Silva Porto, Mata da Trafaria, Jardim Botânico, Tapada da Ajuda e outros, determina-se à Polícia e Guardas Florestais uma permanente vigilância sobre as pessoas que procurem frondosas vegetações para a prática de actos que atentem contra a moral e os bons costumes. Assim, e em aditamento àquela Postura nº 69.035, estabelece-se e determina-se que o artº 48º tenha o cumprimento seguinte:

1º Mão na mão (2$50);
2º Mão naquilo (15$00);
3º Aquilo na mão (30$00);
4º Aquilo naquilo (50$00);
5º Aquilo atrás daquilo (100$00).

Parágrafo § - Com a língua naquilo 150$00 de multa, preso e fotografado. »