quinta-feira, junho 10, 2010

Acima e a baixo

Toca mas não me mexo. Os olhos pesam, não me apetece, o cinzento "acinzenta-me", fico por uns largos minutos virada para dentro. Pergunto-me em que fase estarei afinal. Porque os pensamentos não me largam e cansam-me e obrigam-me a descansar antes de me pôr de pé. Estou a "elaborá-los" diz ela. Estou a macerá-los.

A noite fez-me embrenhar nas ruelas coloridas e enfeitadas de Alfama, para voltar a agarrar a tradição que me tem escapado e que não quero que me escape. O "sardine late supper" recebeu-nos com chuva mas não desistindo, lá nos encostámos uns aos outros, a receber as pingas grossas, continuando a comer o que estava seco e a comentar como a sardinha solitária agora boiava no prato. Mas a cor e a luz e a música continuavam a rodear-nos e depois, bom, depois continuámos como se nada se tivesse passado porque estavámos ali e era ali que queriamos estar.

Hoje, e porque o gato B. teima em fazer asneiras, o edredon que não coube na máquina lá foi esfregado e pendurado e pesava toneladas... pensei em desistir, a dada altura, fraca de braços como sou, mas respirei fundo, uma e outra vez, e fiz o que tinha a fazer porque não há-de ser um simples edredon, mesmo conjungando esforços com o estendal baloiçante, que me vai derrubar, ah, pois não!

E hoje, dia de moer e remoer, de silêncio, de dor de cabeça porque dormi demais, dia de me interrogar sobre o que dirias se me visses, o que me dirias hoje, se aqui estivesses.

Sem comentários: