O silêncio e a porta trancada. O escuro e o vento que não sopra lá fora. Os grilos, só se ouvem os grilos, e a menina, pequenina, cada vez mais pequenina, num cantinho da cama, enroscada sobre si mesma para sentir o seu corpo, com o seu calor e sentir que ele ainda faz sentido, que ele ainda é querido, que está vivo e que vai sobreviver. E chora baixinho. A vontade é gritar, dar murros na parede mas já não são horas, já não são horas. Mas as lembranças não param, o aperto no peito não pára, não dá descanso. As lágrimas caiem sem controlo e a raiva, muita raiva!, domina por completo. E a menina diz, muitas vezes, a si mesma, repete incessantemente mas baixinho "não vale a pena, não vale a pena, descansa, deixa assentar, amanhã vai ser melhor, amanhã vais ser crescida outra vez".
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