quarta-feira, outubro 07, 2009

O processo (mas não o de Kafka...)

O que nos faz mudar cá dentro? O que faz com que estejamos bem num dia, mal no outro e depois mudemos outra vez, se assim tiver que ser, sem que, muitas vezes, haja uma razão concreta, óbvia, que se possa apontar? O que despoleta a mudança? Porquê? Em que momento ela ocorre exactamente?

Muitas vezes, olhamos para trás e vemos que bastou uma determinada palavra, em determinado momento, ou um determinado gesto. Um olhar ou um sorriso, um abraço ou um voltar de costas. Algo muda naquele instante.

Comigo, regra geral, não é nesse momento que percebo mas sim mais tarde. Não é algo que me faça "ver a luz" automaticamente. Penso que a minha desconfiança natural contribui para que assim seja. À partida, desconfio. Portanto, e sendo perfeitamente inconsciente, necessito de tempo para assimilar e para que o momento produza efeitos em mim, se tiver que produzir. E um dia acordo... e deu-se.

Invariavelmente dou por mim a tentar analisar. O que foi? O que não foi? Quando foi? Será para durar?

Invariavelmente ouço: o que é que isso interessa?

Invariavelmente, e fazendo jus à minha curiosidade inata à qual se junta a necessidade de controlo, penso sempre que interessa imenso e passo tempos a avaliar, a medir, a ponderar, a tentar entender o processo para que ele, eventualmente, se possa repetir sob o meu comando.

Invariavelmente, acabo por desistir. Porque nunca é só uma coisa. Nunca é. Sim, foi o abraço naquele momento, sim, foi a palavra naquele dia, sim, foi o choque no outro e sim, foi a conversa com aquela ou aquelas pessoas. E foi a postura da outra e foi aquele sorriso quando não estava a contar e foi o olhar naquelas circunstâncias a falar mais do que palavras.

E fui eu. Eu. Acima de tudo, eu. Porquê? Quando? Como? Onde? O que é? O que significa? Quanto durará? Acho que não depende de mim. Ou, se calhar, só depende mesmo de mim...

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