Neste dias lembro-me com muita frequência da música "Um dia de domingo" da Gal Costa. Não sei bem porquê, nunca gostei especialmente da senhora mas é daquelas coisas que não se explicam, o meu cérebro gravou-a, pronto, tenho que viver com isso. Invariavelmente, esta memória musical puxa por uma outra, desta vez da Joanna (será por serem as duas brasileiras?) e por uma história minha associada...
Um dia qualquer, para aí no princípio dos anos 90, não me lembro bem, apareceu nos meios de comunicação social uma vidente ou bruxa ou coisa que o valha, a quem deram (demasiado) tempo de antena, e que jurava a pés juntos que, num determinado dia de um determinado fim de semana, ia haver uma grande desgraça na cidade de Lisboa (terramoto?) e que isto ia tudo "para o galheiro". Nem sei bem como é que a fobia começou mas o que é certo é que se foi alastrando e levou a que imensos lisboetas acorressem aos bancos para levantar o dinheiro todo, que os supermercados se tenham enchido de gente que queria encher a despensa antes do mundo acabar (o mundo lisboeta, bem entendido sendo que a despensa também era capaz de ser lisboeta mas, ok, não vale a pena tentar entender...) e que muitos outros tenham pegado nas tralhas e resolvido, pelo sim pelo não já que desta vez o apocalipse vinha com aviso prévio, ir passar o fim de semana ao Algarve.
Nós escolhemos Óbidos. Não que acreditássemos nessas tretas, nããã!, que disparate!, "és tu que és miúda e ficas impressionada" mas como até já se sabia que ia estar um lindo dia e sendo Óbidos, como toda a gente sabe, um óptimo sítio para juntar a família toda, com os seus vários carros, porque é espaçoso e tal, lá fomos nós, com tios, primos, avó e cão, que assim eramos muitos a sobreviver para depois poder contar a história. Não, quer dizer, que disparate, eramos muitos porque... porque... é mais giro assim, pronto.
Bom, o dia foi bem passado, sim senhor. A cidade de Lisboa ficou intacta, como ainda hoje se pode ver (sim, é tudo muito relativo, eu sei...). A tal música tinha dado na rádio logo de manhã mesmo antes de sairmos de casa e rezava assim:
Pode o mundo se acabar
Que vontade de te dar
O meu amor que eu guardei pra gente...
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